o imperador & o guarda-metas

flamengo e grêmio, no olimpiko, foi um jogo menos tosco do que poderia fazer crer. o grêmio, com paulo autori, tem sido um time bem menos porradeiro do que reza sua tradição imortal. e o flamengo, com everton silva e o garoto everton no lugar das divas leonardo moura e juan maldonado, tem sido um time bem menos irritante e bem mais objetivo.
no rubro-negro, a valer, tudo gira em torno do imperador. uma espécie de absolutismo medieval que até tem dado certo, mas só quando adriano acerta seus chutes. infelizmente não foi o caso desta jornada.
e que diferença faz um goleiro, não? bruno zousa subiu displicente pra defender chute despretensioso de um rapaz gremista. teve de dar um tapa pra eskanteio. depois da cobrança, a zaga flamenguista perdidinha, o colombiano perea cabeceou a bola pro chão. a pelota quicou na grama e entrou, marota, entre as canelas do grande goleiro. o fla ainda empatou na primeira etapa. mas, logo no começo do tempo derradeiro, o beque réver driblou dois adversários e chutou rasteiro. a bola passou por debaixo do corpanzil de bruno zousa e sossegadamente se aninhou nas profundezas das redes. os outros gols, ambos de penalty, foram só pro flamengo poder repetir uma de suas especialidades nesta dekada: levar de quatro.
nas duas vezes, a torcida pedia “victor” para bater os penais. nas duas vezes, jonas bateu na manha. bem que victor mereceria ter batido. o arqueiro gremista parou a ofensiva flamenguista no peito e na raça. o camarada segurou chutes frontais de adriano, everton silva e sheik emerson, ainda durante o feérico primeiro tempo, quando os visitantes podiam ter mudado os rumos da história. depois, no segundo tempo, com o grêmio já mandando em campo, adriano novamente e emerson mais uma vez terminaram por consagrar victor. a única bola que vazou sua meta foi um chute do garoto everton, numa bela assistência de adriano. mesmo assim, o goleirão ainda meteu a mão no objeto esférico, modificando sua trajetória numa parábola abaulada que quase a conduziu para fora da meta, para a linha de fundo.
no lance de everton silva, defendido a queima-roupa por victor, ficou claro o maior problema do absolutismo flamenguista de dom adriano primeiro. everton silva adentrou a grande área tricolor pelo flanco direito e o arqueiro se adiantou. era o momento de everton silva sentar a bicuda. no entanto, diante da rotunda figura de adriano ali mais à frente, o plebeu everton silva desarmou-se de ousadia e rolou a pelota para sua excelência, o centroavante. nessa deferência, valeu a sagacidade de victor ao se lançar no caminho da bola. sem apelação para sua majestade. adriano deixou o campo vaiado, estava bem distante do reino enkantado da gávea.