quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Defendendo Dunga

Vida de técnico da seleção brasileira é essa mesmo. Céu ao inferno em questão de dias. Basta uma vitória tranquila contra a galinha morta do Chile e um empate modorrento com a galinha morta da Bolívia e dá nisso.
Tudo culpa de um país que tem em cada cidadão um treinador em potencial.
Responsabilidade de uma imprensa esportiva que não cansa de exigir do time vitória atrás de vitória, e que se acostumou a enxergar no comandante técnico do escrete canarinho o bode expiatório ideal.

Mas hoje vai ser diferente. Vou defender o Dunga.

Mas não vou defendê-lo porque ele poderia ter tido um gesto de grandeza incomensurável e recusado o comando da seleção com o mais simples dos argumentos. "Não sou técnico".
Isso ele poderia ter dito sem sombra de dúvida. Mas não fez. E se não fez eu até compreendo, porque é muito difícil rejeitar não só a bolada que ele está embolsando pra isso, mas também abrir mão do retorno direto e indireto que um carimbo da CBF em sua carteira de trabalho pode render.
Também não o apoiarei por ter se metido nesta encrenca, como falei acima, sem sequer frequentar a Faculdade Wanderley Luxemburgo para formação de profisisonais da arte do ludopédio. Sem aprender a caligrafia do futebol no caderninho de folhas pautadas. Sem conhecer a toboada do 4-4-2 e do 3-5-1.
Isso eu não vou fazer porque esses são todos os defeitos que enxergo no Dunga, e como já tinha avisado logo acima, eu vim para cá para usar as minhas armas em seu benefício.

Eu vou defender Carlos Caetano simplesmente porque ele não é a causa da situação lastimável de nossa seleção, mas simplesmente um dos vários sintomas.
Dunga não tem culpa se encontraram nele o camarada ideal para dirigir o futebol pentacampeão do mundo, nem pode ser acusado de fazer, ao menos à sua vista, o melhor pelo seu grupo de comandados. Nisto não tenho dúvidas: ele não é um canalha mau caráter que usa do cargo para sabotar o próprio time. Simplesmente é um cara limitado cuja vida lhe deu mais oportunidades do que talvez merecesse.
Seria também injusto debitar na conta de Carlos Caetano a falta de compromisso com a seleção brasileira e o excesso de compromisso com empresários e outras criaturas obscura de vários atletas de seu bando.
Quiçá seria possível condená-lo pela convocação de alguns elementos despreparados fisica e emocionalmente para exercer uma atividade que exige, antes de tudo, preparo físico e emocional.

Todos estes crimes, repito, não podem ser imputados a Carlos Caetano Bledorn Verri. Arrisco dizer, ao contrário, que ele seja mais uma vítima, e menos um contraventor.
Na realidade, e se eu pudesse enquadrá-lo, classificaria Carlos Caetano como o "avião" do traficante, o "laranja" do estelionatário, o testa de ferro do mafioso, o pau mandado da esposa megera.

E não vou apontar nomes porque não vim para acusar a ninguém. Só vim defender Carlos Caetano.

Portanto, é por isso que eu venho requerer de Vossas Excelências que não condenem Carlos Caetano à fogueira. Tirem-no do comando da seleção. Enxotem-no de lá aos piparotes, mas não joguem mais lenha na fogueira que queima Carlos Caetano Bledorn Verri.

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