angelim

o bangu é uma espécie de stoke city do rio de janeiro. e o mengão vira-vira deu uma de chelsea.
cuca, o felipão da gávea, se armou com três zagueiros e três volantes pra enfrentar a brava ofensiva liderada por somália. claro que não deu certo. e o craque alvirrubro douglas silva (uh) ditava o ritmo no meio-campo na etapa inicial.
obina fez gol de bicicleta, corpo solto no espaço, mas não valeu.
obina bateu pênalti com paradinha, mas acertou a trave.
rafael soleira, alucinando, deu a vantagem no marcador para o bangu na etapa complementar. justamente quando cuca tirara kleberson (o mito, a lenda) pra meter o esforçado maxi goiabinha na ponta. nã. sem problemas. porque mengão é superação. e o gentil árbitro não quis crer que goiabinha, em velocidade dentro da área, simplesmente estivesse a chutar o ar na hora de arrematar a gol. marcou pênalti. obina não foi visto perto da marca da cal. marcelinho parahyba (o mito, a lenda) imprimiu sua canhota à pelota e a lançou às redes.
então o garoto everton fez um gol, de pura malícia e sedução, mas o bandeira não quis se envolver e o anulou. no minuto seguinte, exatinho no minuto seguinte, um kamarada do bangu fez outro gol, e o outro bandeira, repetindo o kolega, também achou por bem não se envolver.
por fim, lampard. ou melhor, maior, ronaldo angelim.
coube a angelim, de todos os homens em campo, coube a angelim, de todos os heróis rubro-negros, coube a angelim, e a mais ninguém, varar a área adversária aos quarenta e quatro minutos do segundo tempo, projetando seu corpo franzino em pleno ar, por sobre a carcunda encolhida dos adversários e sob o olhar estupefato de todo o planeta, coube ali a angelim acertar a testa em cheio no objeto esférico, acertar de um único golpe, com toda a energia acumulada nas vértebras de seu pescoço durante a partida inteira, acertar um cabeçaço na bola, acertar um tirambaço que interrompeu de súbito a parábola mágica que a pelota descrevia no éter num único e preciso arremate que - mais uma vez - consagrasse a raça rubro-negra por todo o raulino de oliveira, e além.