sábado, 21 de fevereiro de 2009

Buraco sem fundo

Fiquei sabendo ontem pela CBN que o teto salarial dos times da NBA é calculado de acordo com a arrecadação das bilheterias. Assim, 51% do que é arrecadado em uma temporada vai para o bolso dos jogadores. Como o teto atual é de 58 milhões de dólares por time, e são 30 equipes, as bilheterias rendem anualmente 1,74 bilhão. Pelos meus cálculos, cada jogo deve render cerca de 500 mil dólares em ingressos, estimando-se um público médio de 10 mil pessoas pagando 50 dólares por entrada.

Transportando esse raciocínio para o futebol brasileiro, se um time jogasse 50 vezes na temporada, com cerca de 10 mil testemunhas por partida pagando na média 20 contos, a arrecadação do ano seria de 10 milhões de reales, e a cota para pagar a mesada dos pernas de pau ficaria em 5,1 milhones. Com um elenco de 30 chinelinhos, cada um teria direito a 170 mil anuais. Ou seja, 14.166 vírgula de number of the beast a cada 28, 29, 30 ou 31 dias. Um contracheque bacana, mas, se um Obina, Fabinho, Jéferson ou Léo Silva já leva 50 mil mangos num mês, só um zé mané desses já fatura no ano 600 milhas, o que equivaleria a 11,8% do imaginário teto. Dez perebas sobrevalorizados juntos, portanto, já estourariam o orçamento do clube. Como tem gente que ganha bem mais do que isso, é fácil perceber por que a maior parte dos times está quebrada.

Tudo bem que tem clube com médias de público maiores, e ainda há premiações por título, grana da TV, mensalidade de sócios e venda de produtos - que deve render uma miséria, porque o marketing de quase todos os times é uma vergonha. Mas a realidade, pra mim, é que não há a mínima condição de as equipes continuarem pagando fortunas pra técnicos e jogadores. Assim, nunca vão sair do buraco, ainda mais porque não faltam ralos por onde o dinheiro escorre diretamente pro bolso da cartolagem.

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