o time do flamengo parece um cachorro de três pernas. um urubu perneta. sem juan ali pela canhota, o flamengo fica meio guenzo. juan desfalcou a equipe mais uma vez, agora há pouco, contra o mesquita no marakas. egidio, seu suplente, ficou famoso na última temporada ao levar uma bola por entre as canetas, obra de thiago neves. depois dessa, egidio foi mandado para o paraná clube e, em seguida, pro juventude de caxias do sul. dar uma passeada.
o rapaz voltou. e o flamengo mancoeba foi manquitolar com ele mesmo. deu até pra disfarçar, no comecinho, principalmente quando willians engatou a quinta marcha e zé roberto bebum, estreante na equipe, se meteu dentro da pequena área para abrir o marcador. logo aos seis minutos de confronto. alegria. felicidade. pura emossão. o garçom, no entanto, nem teve tempo de servir as brejas à moçada. porque uma bola alçada na área rubro-negra, bruno souza a socar o ar com elegância e destreza, encontrou a pessoa de leandro neto, o solitário artilheiro do alvinegro da baixada.
o mesquita empatou a festinha particular de zé roberto. e o flamengo mostrou como fica torto sem juan. além de ser canhoto e bom de bola, juan é pura velocidade e espírito ofensivo num time chegado a tirar uma pestana, um soninho gostoso. com o leonardo moura sem jogar pedrinha há tempos, sem meia-armador em lugar algum da gávea, juan é o cérebro do time, e não apenas os pulmões e as pernas.
o professor cuca demorou toda a etapa inicial no dar-se conta de tamanhas limitações. foi ligeiro. caio junior, por exemplo, só teria tomado atitude aos quinze ou trinta da etapa complementar. cuca já voltou do intervalo com o garoto everton como falso lateral-esquerdo e verdadeiro ponta-esquerda. estilo zé sérgio.
da mesma maneira que um cachorro com quatro patas corre atrás de linguiça, um urubu de duas patas pode voar lampeiro pelos céus rubro-negros do marakas. ibson voltou a campo num ritmo usain bolt. leonardo moura, logo quem, se deixou contagiar e foi visto a varar o campo do mesquita até não mais poder, até atingir a linha de fundo, lugar que não frequentava desde o karioca do ano passado. (deve ter mandado de lá um cartão postal pro juan. wish you were here.) da linha de fundo, leo moira meteu uma pelota enviesada para dentro da pequena área. obina fechando no primeiro poste, tentou o calcanhar, mas foi abalroado pelo arqueiro fernando alonso. a bola sobrou fagueira para que o garoto everton, com malícia & sedução, pudesse cumprir com seu destino. joelhinho de ouro.
então foi só deixar o marakas a meia-luz e ligar a estrobo. estava aberto o bailão. ronaldo angelim, para ficar bonito com as moças, esticou um lançamento de sessenta metros, beckham style, uma longa parábola rumo à ponta-direita, mas aí já seria pedir muito de zé roberto. ibsão meteu no travessão. maxi goiabinha fez lembrar seu primo, caindo sinuoso pela direita. leo moura, empolgado como há tempos, meteu um balão para obina, que ajeitou de encefalotórax para a batida seca de jonatas. golaço. "fera não marca, fera joga." o kraque jonatas acabara de entrar no lugar de marcelinho parahyba. e é impressionante como as cousas ficam mais simples, mais bonitas sem marcelinho parahyba por perto - e com kleberson no banko, é klaro. bruno souza, só pra provar que joga melhor com os pés do que com as mãos, ainda fez um gol de falta. ali no canto oposto. estilo ceni. e te digo que deu até dó do mesquita.
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