sexta-feira, 6 de março de 2009

A Unimed é quem paga

Uma antiga e divertida canção da banda mineira Pato Fu, de 1993 ou 1994, criada muitos anos antes da decantada parceria com o Fluminense, tinha o refrão: "A Unimed é quem vai pagar. A Unimed é quem paga". A letra de "O processo de criação vai de 10 até 100 mil" era uma espécie de "hino ao mosh", aquele movimento muito comum entre o público do rock pesado no qual alguém sobe ao palco e se atira no meio da galera, descarregando a adrenalina. O cara podia se esborrachar e sangrar que a Unimed garantiria a sua sobrevivência, dizia a "profética" canção.

Desde 2002, a empresa de seguro-saúde comanda quem entra e sai no futebol do tricolor carioca. Como patrocinadora, viabilizou a contratação ou repatriamento de craques ou nomes de destaque como Romário, Edmundo, Roger "chinelinho", Felipe, Petkovic, Carlos Alberto, Dodô, Washington, Leandro Amaral, a volta de Thiago Neves e, agora, Fred. Também trouxe uma mulambada que nem é digna de nota.

Como qualquer investimento em um mercado capitalista, tal influência pode ser benéfica ou nefasta. A demissão de René Simões, hoje, se encaixa perfeitamente no segundo perfil. O treinador, mesmo errando aqui ou ali, procurou agir com independência. Escalou quem achou que estava melhor no momento. Não se preocupou se o barrado ou o novo titular tinha sido contratado ou não pela Unimed. Como o time não correspondeu em campo - nem em qualidade, nem em resultados -, ele pagou caro pela "rebeldia".

Parreira surge como o mais cotado pra assumir. Um antigo desejo da diretoria do clube/Unimed. Tem identidade, história dentro das Laranjeiras, isto é fato. Foi o treinador que, ironicamente, levou o Fluminense a dois "títulos brasileiros" - o de 1984 (em time que havia sido montado por Carbone, mas que ele conduziu até a decisão contra o Vasco) e o da Série C, em 1999. Não se pode negar que foi um ato de amor e coragem pegar um clube no fundo do poço, na terceira divisão. Ele, um treinador ainda no auge, que se sagrara campeão mundial pela Seleção cinco anos antes.

A pergunta agora, 10 anos depois - e três após o malogro na Copa de 2006: Parreira ainda é um técnico com relevância e tesão pra comandar um time nas quatro linhas? Ele mesmo duvida (ou duvidava) disso há poucos meses. Volto ao post anterior: muita desesperança no Fluminense.

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