quando ronalducho acabou com o santos na vila belmiro, toda a cidade de são paulo falava apenas do gordinho. o ronaldinho renascido para o futebol.
a ressureição da noite de ontem, três semanas mais tarde, foi a do arqueiro marcos. ídolo do palmeiras há dez anos. campeão do mundo pela seleção brasileira.
fui comprar pão, hoje de manhã, e o garagista palmeirense, que andava discreto, andava mesmo amuado, veio puxar papo todo feliz, atravessando a garagem para ter comigo. sobre futebol, claro. depois de aguentar o papo parmêra por bons minutos, consegui chegar na padaria madame, à rua josé getúlio. onde um cliente palmeirense estava tirando onda com o gentil, o rude chapeiro são-paulino. logo depois do cafezinho, fui dar uma banda no supermercados dany. o empacotador tinha deixado de lado uma pilha de milharina e estava encarnando na gordinha do balcão de frios. porque ela é santista. e ele, imagino, é palmeirense.
todos os três inoportunos personagens tinham esta manhã um argumento portentoso a seu lado: o marcos.
depois de parar a ofensiva do sport em três ou quatro catadas espetaculares durante o jogo na ilha do retiro, marcos não pôde evitar o desempate em cobranças de penaltys... então pegou três. o segundo, se atirou na bola e agarrou a pelota na altura da barriga.
me lembrei na hora de mim mesmo, o audaz berna banks nas quadras de cimento do maristão. rebater um penalty é uma coisa bela. agora, encaixar a pelota sem dar rebote é um ato de extremo heroísmo.
me lembrei na hora de mim mesmo, o reticente berna beat ao ver felipão escalar marcos como titular na copa de 2002. eu não tolerava marcos. palmeirense demais pra mim. me soava como demonstração de fraqueza de felipão, fiel à sua família scolari, agarrado a seu santo particular por conta daquela libertadores de três anos antes. mas na copa do coreão (coreia + japão), marcos se provou tão providencial quanto rivaldo e ronaldinho.
galvão bueno fez de marcos o são marcos. e o bode, pelo menos o meu bode, passou. passei a ter o marcos como uma figura simpática. um sujeito explosivo que, capitão do time, não media palavras e não dava evasivas em entrevistas após as maiores derrotas. um arqueiro que tomava seus frangos & perus ocasionais e não fingia que não tinha falhado.
e perceba: um goleiro que anda de moto e se quebra todo, perdendo a vaga no time e colocando em risco o resto da carreira, é um troço tão outsider que eu só posso admirar. marcos, assim alquebrado, foi banco do diego cavalieri. sem reclamar. e quando cavalieri foi vendido pra fazer caixa, marcos voltou. bem quando todos davam marcos como aposentado. que nada. marcos é o ronalducho da baliza.
respeitemos um kamarada como este.
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