está a cada dia mais emossão ver jogos pelos canais espn.
o que é um drama. pois só a espn leva os jogos europeus que valem alguma cousa. (o sportv tem a exclusividade de transmissão para o país do campeonato francês. grande.) então é muuuita emossão o tempo todo no mundo.
o que me deixa assaz chateado é que, quando a espn começou aqui no brazil, representava uma certa alternativa sensata e comedida ao auê carnavalizante de galvão bueno & kleber machado. jornalisticamente falando, a espn ainda é muito mais confiável e profissional que o sportv, ou seja, que a rede globo - para essa conclusão acaciana bastou uma espiada, por exemplo, na cobertura da patética visita do coi ao rio-2016 neste feriadão.
mas o diabo é que, depois que a espn aliou-se à rádio eldorado de são paulo, tipo um par de anos, está cada vez mais insuportável aguentar as narrações dos prélios europeus. os camaradas da tevê passaram visivelmente (e audivelmente) a imitar as narrações radiofônicas. isto está claro.
exemplo corriqueiro apanhado só para confirmar esta tese: os programas "bate-bola" são quase sempre abertos com um gol do curintiam/parmêra em vetê sob a sobressaltada narração de um cara da eldorado. nessa simples edição de som-e-imagem, os profissionais da espn esquecem que esse estilo de narração funciona na rádio justamente por que o rádio, por peculiaridades técnicas, não tem um troço que a tevê tem por definição: as imagens.
o joão palomino, o atento mediador do debate esportivo das noites de segunda-feira, agora se transformou em um narrador histriônico que berra "golaaaço" e "momento históóórico" umas dez vezes a cada rodada. pouco importando se foi apenas um gol de sorte ou uma virada do arsenal sobre o pobre stoke city com apito amigo. e o paulo andrade, dia desses, deu uma entrevista à própria espn (num momento de autofelação bem rede globo) dizendo-se emocionado por poder narrar "partidas já lendárias" pela liga dos campeões. oras...
e tu percebes a ironia que há aqui? porque, num movimento oposto, estão ganhando espaço no sportv neste momento justamente os narradores mais cool, como rob porto & joão guilherme.
te digo isso tudo porque acabei de chegar aqui em casa, depois de fazer compras na feira da rua loureiro da cruz. enquanto empilhava as comidas na geladeira, deixei a tevê ligada pra ver se pescava pela orelha algum jogo bakana. está rolando uma pelada qualquer do campeonato germânico e está também rolando - por radiante felicidade da vida - um daqueles jogos "históóóricos" que o palomino tem tido a recente vocação de verbalizar.
jogaço: chelsea e fulham.
enquanto eu despejava os tomates na gaveta da geladeira, palomino estava a berrar que drogba perdera por muito pouco um gol "fantááástico". eu estava de coóócoras na cozinha e não pude ver esse momento mááágico. mas, menos de três minutos depois, enquanto eu estava descascando um abacaxi sobre o balcão, palomino me alertou que o chelsea descia em fulminante contra ataque sobre o fulham. levantei os olhos no momento exato em que didiêêê drogbááá tocava da saííída do goleeeiro. um golaaaço!
palomino em êxtase. adivinhavam-se seus perdigotos, mesmo sem vê-los pela tevê. palomino vibrou muito. de tal maneira que vibrou muito mais do que os torcedores chelseanos que estavam lá pessoalmente nas arquibancadas do stanford bridge.
e eu, aqui de pé, descascando um singelo abacaxi numa pacata manhã de sábado, fiquei bem feliz ao sentir que presenciara, assim no mais, um momento historiko. bem feliz por ter percebido a história acontecendo exatamente no momento em que acontecia. ao contrário daqueles beberrões ingleses ali no estádio com olhar de paspalhos. devo minha consciência histórica a joão palomino.
o que é um drama. pois só a espn leva os jogos europeus que valem alguma cousa. (o sportv tem a exclusividade de transmissão para o país do campeonato francês. grande.) então é muuuita emossão o tempo todo no mundo.
o que me deixa assaz chateado é que, quando a espn começou aqui no brazil, representava uma certa alternativa sensata e comedida ao auê carnavalizante de galvão bueno & kleber machado. jornalisticamente falando, a espn ainda é muito mais confiável e profissional que o sportv, ou seja, que a rede globo - para essa conclusão acaciana bastou uma espiada, por exemplo, na cobertura da patética visita do coi ao rio-2016 neste feriadão.
mas o diabo é que, depois que a espn aliou-se à rádio eldorado de são paulo, tipo um par de anos, está cada vez mais insuportável aguentar as narrações dos prélios europeus. os camaradas da tevê passaram visivelmente (e audivelmente) a imitar as narrações radiofônicas. isto está claro.
exemplo corriqueiro apanhado só para confirmar esta tese: os programas "bate-bola" são quase sempre abertos com um gol do curintiam/parmêra em vetê sob a sobressaltada narração de um cara da eldorado. nessa simples edição de som-e-imagem, os profissionais da espn esquecem que esse estilo de narração funciona na rádio justamente por que o rádio, por peculiaridades técnicas, não tem um troço que a tevê tem por definição: as imagens.
o joão palomino, o atento mediador do debate esportivo das noites de segunda-feira, agora se transformou em um narrador histriônico que berra "golaaaço" e "momento históóórico" umas dez vezes a cada rodada. pouco importando se foi apenas um gol de sorte ou uma virada do arsenal sobre o pobre stoke city com apito amigo. e o paulo andrade, dia desses, deu uma entrevista à própria espn (num momento de autofelação bem rede globo) dizendo-se emocionado por poder narrar "partidas já lendárias" pela liga dos campeões. oras...
e tu percebes a ironia que há aqui? porque, num movimento oposto, estão ganhando espaço no sportv neste momento justamente os narradores mais cool, como rob porto & joão guilherme.
te digo isso tudo porque acabei de chegar aqui em casa, depois de fazer compras na feira da rua loureiro da cruz. enquanto empilhava as comidas na geladeira, deixei a tevê ligada pra ver se pescava pela orelha algum jogo bakana. está rolando uma pelada qualquer do campeonato germânico e está também rolando - por radiante felicidade da vida - um daqueles jogos "históóóricos" que o palomino tem tido a recente vocação de verbalizar.
jogaço: chelsea e fulham.
enquanto eu despejava os tomates na gaveta da geladeira, palomino estava a berrar que drogba perdera por muito pouco um gol "fantááástico". eu estava de coóócoras na cozinha e não pude ver esse momento mááágico. mas, menos de três minutos depois, enquanto eu estava descascando um abacaxi sobre o balcão, palomino me alertou que o chelsea descia em fulminante contra ataque sobre o fulham. levantei os olhos no momento exato em que didiêêê drogbááá tocava da saííída do goleeeiro. um golaaaço!
palomino em êxtase. adivinhavam-se seus perdigotos, mesmo sem vê-los pela tevê. palomino vibrou muito. de tal maneira que vibrou muito mais do que os torcedores chelseanos que estavam lá pessoalmente nas arquibancadas do stanford bridge.
e eu, aqui de pé, descascando um singelo abacaxi numa pacata manhã de sábado, fiquei bem feliz ao sentir que presenciara, assim no mais, um momento historiko. bem feliz por ter percebido a história acontecendo exatamente no momento em que acontecia. ao contrário daqueles beberrões ingleses ali no estádio com olhar de paspalhos. devo minha consciência histórica a joão palomino.
palomino: a história a acontecer em tempo real
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