domingo, 31 de maio de 2009

Grandes momentos do desporto (e do cinema) nacional: a retomada

Pessoal, como esta é minha estreia (# novo acordo ortográfico) nesse digníssimo espaço de apreciação do ludopédio, vou postar um momento que tem significação tanto para mim pessoalmente (e para meus - literalmente - irmãos são-paulinos que contribuem com o blog) quanto para a história do futebol do nosso país.

Bem, sabemos que a nossa crítica de cinema nacional estabeleceu um marco para a chamada "retomada" das produções, que tinham chegado a zero (tipo: o país não produziu nenhum filme no ano. Quando o Collor acabou com a estatal embrafilme, não havia como financiar mais produções de cinema) acho que em 92 ou 93. O filme "Carlota Joaquina - Princesa do Brazil" (bem ao gosto de Berna Beat), dirigido pela ex-playmate Carla Camurati, marcou, em 1995, o reinício das produções. O resto é história: Central do Brazil, Cidade de deus, Tropa de Elite...

Mas por que este prelúdio nada a ver? Bem, porque nosso futebol também teve um "retomada". No ano de 1992, a última Copa Libertadores da América que o Brasil havia vencido tinha sido a de 1983, conquistada pelo Grêmio. Em termos de Copas do Mundo, a distância era ainda maior: não vencíamos desde 70. O país vivia uma forte baixa auto-estima em títulos internacionais. Eis então que um técnico considerado de certa forma maldito, que perdera duas copas com seleções históricas, trouxe seu futebol envolvente, ofensivo e técnico, que valoriza triangulações e trocas de passes rápidos, ao São Paulo Futebol Clube, e se sagrou campeão brasileiro em 1991. Em 92, Telê priorizou a Libertadores e o clube avançou até a final, contra os argentinos do Newell's Old Boys. Tendo perdido a primeira partida na Argentina por 1x0, um Morumbi lotado por mais de 100 mil pessoas viu o tricolor de Telê e craques históricos como Raí, Muller e Palhinha igualar o placar num penalti sofrido por Macedo, levando a decisão para os penais.

A cobrança final desta disputa de penaltis está registrada neste vídeo. Reparem na narração de Galvão Bueno. Poucas vezes o ouvi tão emocionado. Reparem na inigualável invasão do Morumbi.

O futebol brasileiro renascera para o mundo naquele momento. No final do ano, este time conquistaria o título mundial em Tóquio, repetindo o feito, também de forma espetacular, em 1993. Em 1994, a seleção brasileira quebraria o jejum de copas do mundo. Em 1995, o Grêmio voltaria a vencer a Libertadores. Em 1997, o Cruzeiro. Em 98, o Vasco. Em 99, o Palmeiras. Em 2002, o Brasil seria penta, e em 2005 o tricolor venceria novamente a Libertadores, seguido pelo Inter, em 2006. Tudo isso intercalado por vários finalistas brasileiros do torneio continental, além do vice-campeonato mundial da seleção em 1998.

Esta defesa de Zetti, tão entusiasticamente narrada por Galvão Bueno, trouxe de volta o Brasil ao lugar de onde jamais deveria ter saído. Que este post sirva para inspirar esse burocrático e grosseiro time são-paulino que agoniza na Libertadores e no Brasileirão de 2009.


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