quinta-feira, 14 de maio de 2009

tudo que é sólido desmancha no ar

flamengo e internacional, no marakas, foi um jogo poético.
poético, pelo menos, nas escalações.
o trio sandro, alecssandro & d´alessandro no inter.
o quinteto aírton, éverton, émerson, kléberson & ibson no mengão.
o flamengo, como já tinha feito no mineirão diante do grande cruzeiro, alugou o meio campo e ali espalhou seu latifúndio improdutivo, com arame farpado e boi solto no pasto. o carrossel de cuca girando e ventando a todo vapor. é toquinho pra lá, toquinho pra cá, virada de bola, tabelinha, o eskambau. afinal, mandar a bola pra rede, já nos dizia o brilhante parreira, é apenas um detalhe.
o elegante aírton eclipsou nilmar. o suarento williams cansou d´alessandro. o voluntarioso toró quase nocauteou taison. e o bravo ronaldo angelim, tal um clint eastwood da parahyba, botou no peito a estrela de xerife que fábio luciano deixara largada no empoeirado balcão do saloon.
por falar em saloon, adriano bebum não estreou e já faz uma falta tremenda. foram três bolas, pode contar, três bolas na trave do inter. e como epílogo: uma pelota serelepe a estourar na trave rubro-negra, às costas de bruno zousa, em pleno ar, num chute de andrezinho quase no último minuto.
o mais lindo foi que a pelota repicou no impávido metal e entrou marota pedindo "me chuta, me chuta" na pequena área rubro-negra. chutaram a garota. e bruno zousa a rebateu como quem, debaixo do lençol, estapeia um mosquito pentelho, num leve cochilar. num tapa, ele deixou a bola tontinha, rodopiando no éter, a um milésimo de nilmar. mas, antes que o guri cravasse o golpe fatal em pleno marakas, eis que bruno zousa, aquele que todos julgavam já batido, ainda debaixo do lençol, ainda em pleno ar, emendou seu tapa com um bico de canela, arremessando a pelota para longe, bem longe. zero a zero ficou bonito.

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