"Aquele Botafogo de 1957, que conquistou o primeiro título no gramado do Maracanã, aplicou também a maior goleada já registrada numa final de campeonato carioca: 6 x 2 no fluminense. A torcida tricolor, arrasada e silenciosa, assistia ao carnaval dos botafoguenses no campo e nas arquibancadas.
Um desenho do jogo: Didi passava para Garrincha, que driblava todos à sua frente, especialmente Altair, e cruzava para a área; na área, a bola encontrava Paulinho Valentim que marcava gol atrás de gol - tudo em cima de Castilho, um dos maiores goleiros do Brasil. Não foi uma final que dois times disputam acirradamente: foi o passeio de um time de sonhos diante de um adversário sem reação.
Era uma equipe que jogava com o DNA de João Saldanha: na vontade de vencer, na inteligência, na criatividade. João não montou esquema sofisticado, difícil de assimilar. Com um time de craques como aqueles, o melhor era deixar que eles jogassem e se acertassem em campo. Saldanha foi treinador sem salário durante todo o ano de 1957. Acertou remuneração apenas em 1958, ainda assim pequena. Para João, era o que menos importava. Ele era amador por consciência (...). "
Trecho do livro João Saldanha: uma vida em jogo, de André Iki Siqueira.
Em tempos de comentaristas anódinos e técnicos insípidos, só aumenta a minha saudade do João Sem Medo.
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