segunda-feira, 7 de setembro de 2009

TELETIPOS NACIONAIS DO CBET: Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão

Tive o prazer de passar o feriado em Belo Horizonte, onde, na companhia do inefável André Garcia, fomos conferir de perto a peleja entre o Cruzeiro e o São Paulo, no Mineirão - vitória do hexacampeão brasileiro de virada, por 2 x 1. Fala-se muito que o Mineirão pleiteia ser a sede da abertura da Copa de 2014 - já que a final no Maracanã é barbada - e que vai brigar com São Paulo e, quiçá, Brasília, para ter este direito. Bem, claro que é até ingenuidade avaliar um estádio aqui no Brasil, qualquer que seja, pelo que é hoje. Projetos virão, reformas, demolições e etc.

Mas, humildemente, fora a parte interna, aparentemente tranquila, com um anel superior fechado, assentos para todo mundo e uma visão próxima do campo - bem diferente do Engenhão e do Morumbi, por exemplo -, dá para dizer que, em termos de infraestrutura, o Mineirão ainda é um lixão. Os banheiros são de fazer inveja ao Trainspotting ("the worst bathroom in Scotland"). Nojentos.

Mas o mais problemático mesmo é o acesso. Só tem ônibus para lá, e pelo que percebemos, parece que vem sempre lotado e numa frequência não muito amigável. De táxi foram mais ou menos uns R$ 30 do centro da cidade. O pior foi na volta. Perguntamos para um policial onde poderíamos pegar um táxi - eram 27 mil pessoas saindo ao mesmo tempo, imagine - e ele não hesitou: "não tem jeito não, sô". Mandei: "ué, então como faz para ir embora?". Ele: "ah, caminha ali para aquela outra pista e vai tentando. Porque o que passar aqui vai estar cheio". Beleza, conseguimos. Dizem que há a promessa de um metrô que ligará o estádio ao centro da cidade até 2014. Mas confesso que não tenho muitos detalhes acerca disso.

Eu curti o telão que fica mostrando imagens da passagem para os vestiários antes da partida. E também relembrando partidas anteriores entre os dois times. No caso de Cruzeiro x São Paulo, claro, o telão repetiu à exaustão a final da Copa do Brasil de 2000, vencida pela Raposa de virada, com dois gols no final da partida. Puxando da memória, meu amigo André Garcia me lembrou de um outro jogo histórico no mesmo local - no qual ele também esteve presente, se não me engano, em 1997 - em que o Dodô fez os cinco gols na vitória do Tricolor do Morumbi sobre o Cruzeiro (5 x 0). Estas imagens, porém, curiosamente, não passaram no telão.

Dependendo da fome do sujeito, ele pode se empolgar ou se enojar com pratarrais de arroz, feijão tropeiro, torresmo e etc que são servidos dentro do estádio. Vem num pratinho de plástico e, apesar do peso mastodôntico que deve ter uma refeição deste porte, me pareceu interessante - não, não tive condições de comer, já tinha almoçado pouco antes. Bem melhor pelo menos que as tranqueiras fritas oferecidas ali nas imediações do Estádio.

A torcida do Cruzeiro, se não lotou o estádio, compareceu em bom número (27 mil, segundo o anunciado), deixando o Mineirão com, imagino, metade da ocupação preenchida. Os são-paulinos não fizeram por menos e, no pequeno espaço dedicado a eles, talvez pelo feriado, não deixaram nenhum assento livre. Todos ocupados pela Dragões da Real e pela Independente.

Não chega a ser a torcida do Boca nos velhos tempos (dizem que hoje esse lance de que argentinos e xeneizes são fanáticos e cantam o jogo todo já é muito mito, não é beeeeem assim), mas os cruzeirenses cantaram a valer antes e durante a partida. Muitas bandeiras e umas com imagens do Raul Plassman e do Dirceu Lopes. Inclusive fiquei bem satisfeito ao ver diversos senhores de idade e mais ainda diversas crianças, pais de famílias, moças direitas, outras nem tanto, ali no Estádio. Uma das crianças, inclusive, do alto de seus calculados seis ou sete anos, gritava ao lado do pai. "Bicha, bicha!!!", quando o Richarlysson pegava na bola. Engraçado. Sempre acho que tem muita paranóia nesse lance de "ah, não dá mais para ir a estádios". Levei a máquina fotográfica e também foi de boa.

A festa dos cruzeirenses - que cantavam "Ó tricolor, ôô ôô, o que que aconteceu? Foi o Cruzeiro que te comeu", em paródia ao hino do time de Ricardo Gomes - durou até o onze celeste ser devidamente enquadrado pelo São Paulo, que nem jogou tão bem e deu a impressão que virou o jogo na hora que quis.

Um tal de Diego Renan foi o melhor do Cruzeiro. Várias jogadas saíram dos pés dele, inclusive o tento mineiro, se não me engano. No segundo tempo, depois de perder alguns gols, até virei para Garcia e disse: "Cruzeiro tá pedindo para perder o jogo". Clichê, claro. Mas futebol é clichê e não deu outra. Sem fazer muita força, sem botar pressão, o Tricolor do Morumba virou a peleja. E a "animada" torcida celeste nem hesitou em deixar o Mineirão faltando 10 minutos ainda para o fim do jogo.

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