sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ROGÉRIO REI CENI: 37 ANOS


Hoje o goleiro Rogério Ceni completa 37 anos. Por razões óbvias, torcedores de outros times não sabem o que é ter um Rogério Ceni em campo. Aliás, razões nem tão óbvias assim, talvez. Cabe lembrá-las: em primeiro lugar, Rogério Ceni nunca jogou em outro time que não o São Paulo (fora um estágio no Sinop do Mato Grosso). Está há 18 anos no clube. Não é preciso dizer (mas é bom reforçar) que não há fenômeno semelhante no atual futebol nacional.

Segundo: também os torcedores de outros times não têm em suas fileiras um jogador que levou seu clube a um título da Libertadores, um do Mundial Interclubes, três do Brasileiro, entre vários outros. Até mesmo um título da Copa Conmebol vencido com o time reserva, liderado valentemente por um jovem Rogério, figura nas muitas boas lembranças dos são-paulinos.

Além disso, esse mesmo Rogério é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do São Paulo. Um ídolo titânico, do quilate apenas de ídolos do passado (às vezes remoto) dos rivais. Ele continua em atividade. Uma legítima (como contestar?) lenda viva. O são-paulino acompanhou, nos anos 00, a história com H maiúsculo ser escrita pelas mãos e pés de Rogério, como se testemunhasse o fim da era dos heróis românticos do futebol, ao mesmo tempo em que o via fazer a transição para a modernidade. Pela defesa, é considerado o jogador que deu dinamismo à posição, atuando na armação de jogadas e integrando o goleiro dentro de complexos padrões táticos de históricas defesas são-paulinas. No ataque, é simplesmente o maior goleiro-artilheiro da história do futebol. Não é de se admirar que o estilo de Rogério esteja sendo imitado em todo canto do Brasil. Não é fácil e nem simples revolucionar o futebol depois de mais de 100 anos de existência do esporte.

Debaixo das traves, Rogério foi sempre capaz de feitos inacreditáveis. Em 2005, na final do Mundial Interclubes, defendeu uma falta tecnicamente perfeita cobrada por Steven Gerrard, lance que desde já consta entre os antológicos da história do esporte. Em 2006, durante o campeonato brasileiro, Rogério ficou simplesmente 988 minutos sem sofrer um gol sequer.

Rogério também é conhecido por sua peculiar personalidade, muitas vezes petulante (o que desperta o desdém dos adversários), outras contestável (que deflagram sua humanidade), mas sempre coerente com seus pontos-de-vista, demonstrando uma visão incisiva e analítica do futebol, léguas à frente da maioria de seus companheiros de profissão.

Hoje, aos 37, Rogério vive um inevitável ocaso provocado pela idade, e seu rendimento tem caído. Porém, os são-paulinos não cogitam questionar sua ainda segura presença e inquestionável liderança. Rogério, o grande Rogério, o futuro lendário Rogério Ceni, pode ficar no tricolor o tempo que quiser, porque o são-paulino sabe que ele honrará até o fim do seu compromisso e lealdade com o clube. Rogério sabe que é grande, mas, mais importante, a grandeza não o distrai, e ele a usa em prol do time, e não para continuar nele.

Assim como outros grandes nomes (como Canhoteiro, Raí ou Telê) que, por um motivo ou outro, não se tornaram grandes jogadores (ou técnico) da seleção brasileira, Rogério tornou-se uma instituição são-paulina, uma exclusividade do gigante do morumbi, algo do qual apenas os são-paulinos podem se vangloriar.

Parabéns Rogério. Long live the king!

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