segunda-feira, 12 de abril de 2010

A taça das bolinhas é tricolor!

Estimados companheiros BBBs (boleiros, bebedores e blogueiros),
vou começar minha carreira no CBET acalentando polêmica, esquentando o lead, provocando geral. Enfim, com o pé na porta.
Eu estive lá, conheço a história, sei dos argumentos de ambos os lados e digo, ou melhor, decreto: o São Paulo da Floresta foi o primeiro pentacampeão do Campeonato Brasileiro.
O presidente plenipotenciário do CBET, que gentilmente me convidou a participar do blog mais blogoso da internet, já informou minha origem. Para quem não leu, sou Bugrino. Roxo. De carteirinha. De coração. Portanto, nada tenho a ver com a polêmica, a referida taça não iria em definitivo para as dependências do Brinco de Ouro (não é por desconhecimento do caminho, porque ela já esteve lá, é bom lembrar).
Digressões à parte, minha argumentação é simples: trato é trato!
O Campeonato Brasileiro foi criado em 1971. Desde então, é organizado pela CBF. Bem ou mal. Foi assim até 1986 e a partir de 1988. Detalhe importante: em 1987 foi assim também!!!
As pessoas não se lembram, ou fazem questão de esquecer (caso dos rubro-negros), mas a CBF organizou o Campeonato Brasileiro de 1987. O que houve é que, por insatisfação quanto às receitas da TV, alguns clubes, entre eles os de maiores torcidas do país, se uniram para criar uma liga paralela. Reforço: liga PA-RA-LE-LA. O tal Clube dos 13.
Eram, na verdade, 16 times. Fizeram o próprio torneio, a despeito de a CBF ter organizado, então pela 16ª vez, o Campeonato Brasileiro. Chamaram seu torneio de Copa União. Vejam, o nome é diferente!
O racha não interessava a ninguém, na verdade, porque a CBF tinha meios de retaliação muito fortes, como não levar jogadores dos 16 times para a seleção (naquela época quase que só se convocavam jogadores que grassavam por terras tupiniquins). Então, antes mesmo do início dos dois torneios, chegaram a um acordo: ao final, os dois melhores de cada um dos dois campeonatos fariam semifinal e final. Chamaram aos torneios de módulos verde e amarelo.
Daí advém a confusão que os flamenguistas gostam de fazer. Dizem eles que eram duas divisões. O módulo verde, a Copa União, seria a primeira divisão. Ledo engano.
Eram apenas alguns dos times mais tradicionais mas, numa rápida olhada na tábua de classificação do Brasileirão de 86, não eram necessariamente os melhores.
Primeira e segunda divisão não se faz pela história, pela camisa, mas pelos resultados do torneio que termina. Se pegarmos os primeiros 16 colocados de 86, veremos que Internacional de Porto Alegre, o vice do módulo verde e que se negou a disputar a parte final, nem teria participado da fantasiosa primeira divisão (17º em 1986). Quem jogaria, em seu lugar, seria a Internacional de Limeira (16ª). O hoje badalado Santos seria da segundona em 87, proque terminou 1986 em 19º. O Botafogo (num pífio 31º) teria ficado de fora da primeirona (ah, sério?), assim como o Goiás (23º), que até hoje nem sei porquê jogou a Copa União (campeão do quê mesmo???? Maior torcida de onde mesmo?), e o Santa Cruz (26º, idem idem).
Times como o América do Rio, que ficou em quarto, Joinville, que ficou em 12º, e Inter de Limeira teriam sido irregularmente rebaixados se fosse válido o pseudo-argumento de que eram duas divisões.
Sem contar que ninguém até hoje soube argumentar, nem da maneira mais pífia, mais sórdida, mais arrogante ou idiota, como é que se rebaixa (se fosse esse o caso) o vice-campeão de um torneio. Em 1986, o Guarani Futebol Clube, fundado a 5 de agosto de 1911, liderado por Tite e orquestrado por Marco Antonio Boiadeiro, com Evair, João Paulo, Catatau, Ricardo Rocha e Júlio César em campo, não apenas foi vice-campeão como teve mais pontos e vitórias do que o São Paulo da Floresta em 1986.
Voltando a 1987, houve um acordo. Assinado, da parte do Clube dos 13, pelo mais do que honesto Eurico Miranda, deputado federal de alto clero e gabarito. E o acordo foi desrespeitado. Aliás, na regra do certame havia uma cláusula que dizia que o time que se recusasse a jogar o cruzamento das duas chaves seria regiamente rebaixado (aí sim, porque voltamos a ter duas divisões no ano seguinte). Inter e Flamengo se recusaram a jogar. Guarani e Sport entraram em campo nas datas determinadas e venceram por W.O. e se classificaram para a finalíssima.
Foi então que houve aquela palhaçada da Ilha do Retiro: depois da vitória do Sport sobre o Guarani no tempo normal (o Bugre havia ganho a primeira, no Brinco) e empate na prorrogação, 11 a 11 nos pênaltis. E até hoje ninguém conhece o critério para definição do campeão.

Flamengo campeão de 1980, 1982, 1983, 1992 e 2009. Aos flamenguistas que insistirem em dizer que são campeões brasileiros de 1987, digo: devolvam os cinco que a CBF reconhece que são de vocês e fiquem com aquele que vocês acham que vale. E São Paulo campeão de 1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008. Sport campeão de 1987. E Guarani ATUAL Campeão Brasileiro de 1978!

A taça das bolinhas, portanto, tem dono: São Paulo Futebol Clube!

P.S - Só para constar: na decisão do Campeonato Brasileiro, deu Guarani. Se não houvesse o tal cruzamento, que Flamengo e Inter se recusaram a fazer, seríamos bicampeões brasileiros. Mas até aí, se mamãe tivesse bigode eu teria dois pais...

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