No último domingo, de passagem pela terra da garoa, fui conferir de perto o simpático estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. Ou, como é nacionalmente conhecido, o tal do Pacaembu. A partida em questão reunia o Sport Club Corinthians Paulista, líder isolado do esquecido Brasileirão 2010, contra o grande tricolor carioca, o clube tantas vezes campeão.
Já tinha passado pelo Pacaembu ano passado em duas oportunidades. Numa para ver o Museu do Futebol - talvez um dos museus mais fascinantes do gênero no mundo todo - e outra pra assistir a Corinthians x Internacional, pela primeira rodada do Brasileirão 2009 (sim, aquele do gol antológico do Nilmar). Em todas as ocasiões fiquei com uma impressão positiva do local, inaugurado em 27 de abril de 1940.
Entre as decisões mais importantes jogadas no Pacaembu, destaque para a final da Libertadores de 2002, entre São Caetano x Olimpia, perdida pelo time do ABC de forma ridícula; e as finais dos Campeonatos Brasileiros de 1994 (Palmeiras x Corinthians) e 1995 (Santos x Botafogo). O estádio também foi utilizado nos jogos pan-americanos de 1963, realizados na capital paulista.
Com capacidade hoje para 37.952 pessoas, o estádio esteve próximo de sua lotação no domingo passado: mais de 30 mil torcedores estavam por lá. A maioria, claro, corintianos doentes e carentes de titulos depois de mais um fiasco na Libertadores.
O acesso ao estádio é aceitável. Não é o ideal - que seria um metrô desembocando na boca do estádio - mas quem não tem carro consegue chegar lá tranquilamente descendo na estação de metrô Clínicas, que fica a uns 20 minutos de caminhada forte da entrada do estádio. Também tem um estacionamento de médio porte perto, na Praça Charles Miller
Saí do metrô no meio da massa corintiana. Apesar da sensação um pouco tensa, com medo de que algo acontecesse de repente em meio a tantos gritos de guerra e brincadeiras coletivas entre os gaviões da fiel, foi relativamente sossegado chegar até a bilheteria onde, para minha surpresa, não estavam sendo vendidos ingressos para o jogo.
Não, calma. Não é que não vendem ingresso na hora do jogo. Mas para você comprar o seu bilhete, seja visitante ou local, tem que se dirigir a um dos contêineres espalhados nas imediações do Pacaembu. Arquibancada em tal lugar, cadeira numerada bem longe dali, cadeira VIP lá no quinto dos infernos. Visitante, então, tem que andar pra burro, ainda mais subindo uma escada lateral de deixar arfante qualquer cidadão próximo ao sedentarismo como este que vos escreve.
Beleza, caminhei até o tal contêiner, comprei meu ingresso relativamente rápido e assisti à peleja da área destinada aos visitantes. O acesso foi fácil, o conforto era bem aceitável - a área para os adversários do Corinthians fica espremida entre o fim do anel superior direito da arquibancada de quem entra pelo portão principal e o tobogã - com um vão no meio. Ali mesmo há uma lanchonete honesta, que serve refri, cachorro quente e salgadinho. Nada diferente do que é visto Brasil afora. O banheiro também é fácil de acessar e, se não é algo que remeta ao Trainspotting, também não chega a ser um cagatório de aeroporto.
De longe, o gramado parece em ótimas condições de jogo. Para a partida, o Corinthians tinha Roberto Carlos. Mas não tinha Ronaldo, que se machucou pela enésima vez na véspera do jogo. O Fluzão contava com a volta de Fred e o talento de Conca para conseguir seus primeiros pontos fora de casa. Não rolou. O que se viu foi uma peleja amplamente dominada pelo time local nos primeiros 30 minutos, com direito a gol de falta de Chicão. E depois, totalmente desordenado e dependendo de muitos passes errados de Carlinhos, Leandro Euzébio e Marquinhos, o Fluminense aos trancos e barrancos tentando o gol de empate ainda no primeiro tempo.
Na etapa final, um até então inoperante Fred ameaçou com bastante perigo a meta alvinegra. Em um lance foi derrubado pelo goleiro Felipe e o juizão deu pênalti, depois anulado por conta de impedimento anotado pelo bandeira. Erro de arbitragem sim. Mas como sempre repito, preguiça de ficar falando de arbitragem. Acontece. Paciência. No final, o Fluzão perdeu por 1 x 0 porque jogou mal de novo e não foi competente quando teve as chances. Curiosamente, um dos melhores em campo foi o camarada que aparece aí ao lado na sala de embarque em Congonhas, horas depois, totalmente concentrado numa partida de truco: Diguinho.
Voltando ao estádio, uma das coisas patéticas foi a apresentação das líderes de torcida (cheerrrrrileader, como diria o Hiro Nakamura, de Heroes) corintianas no intervalo. Sem fazer nenhuma coreografia minimamente compreensível, elas passaram quase despercebidas mesmo pra imensa massa corintiana que não parou de cantar do começo ao fim do jogo - talvez o Defederico tenha gerado mais emoção nos gambás do que as próprias moças... tempos novos em Sampa City?
Finda a partida, a saída também foi bastante sossegada. Nenhum tumulto no caminho do Pacaembu até o metrô. Desde que, claro, o bom senso seja utilizado e você não saia por aí ostentando a blusa do time visitante, né? Mas é assim em todo lugar do mundo.
Para quem vive querendo plantar notícias negativas sobre o Morumbi, com uma vã esperança de o Pacaembu sediar peleajas de uma Copa de novo - em 1950, seis jogos foram realizados por ali -, porém, o Pacaembu serve, hoje, apenas como um ótimo estádio para treinos. Precisaria ter sua capacidade aumentada, talvez ligando o tobogã às arquibancadas. E, quem sabe, cobrindo alguns dos anéis ao menos parcialmente: na terra da garoa, tomar chuva em estádio é quase que uma regra.
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