terça-feira, 29 de junho de 2010

Da dificil arte de conciliar turismo e copa do mundo

Ta atrasado, sem nenhum acento ou cedilha, mas vamos la... A copa continua divertida e muito emocionante por aqui, mas eh fato que a saida dos Bafana Bafana deu uma broxada na galera. Eles agora, alem de torcerem por Gana enlouquecidamente, invariavelmente apoiam o Brasil - eh o segundo time de todo mundo por aqui. Visivel nas ruas a adoracao que eles tem pelo futebol brasileiro - ainda que, claro, acompanhada de um tardio e desinformado questionamento sobre por que Ronaldinho gaucho nao esta jogando.
Mas o post nao eh sobre isso. Eh mais precisamente sobre a maratona que estavamos fazendo (aa epoca quatro cidadaos, tres dos quais tem seus nomes listados como colaboradores deste blog no largo elenco de vinte integrantes) para conciliar turismo e todos os jogos da copa.
Pois na semana passada, alugamos um carro em Joanesburgo, para rodar pela cidade, para irmos a Pretoria e tambem para conhecermos o Blyde River Canyon e o Krueger Park (duas das cinco atracoes obrigatorias de quem vem pra Africa do Sul). No dia em que fomos ao Blyde River Canyon estavam sendo disputadas, de tarde, as duas partidas decisivas do grupo A, entre Mexico x Urguai e Africa do Sul x Franca. Eram 16h e ainda estavamos a uns 150km de Nelspruit, onde dormiriamos para no dia seguinte fazer o safari no Krueger Park. Depois de visitarmos cinco das seis atracoes do canyon - inclusive este lugar absurdamente lindo ai da foto -, tomamos rumo de Nelspruit para tentarmos ver os jogos la. Mas ja era tarde. Ja na saida do canyon, encontramos umas vendedoras gritando e pulando loucamente com o segundo gol dos Bafana sobre a patetica equipe da Franca. Ate gravei um video hilario, mas eh mais facil o Coiote pegar o Papa-Leguas do que eu conseguir fazer um upload de video por aqui. Quando voltar, coloco os links no Picasa. Deixamos o canyon no intervalo do jogo e, ouvindo a partida no radio - narracao em Zulu -, achamos um boteco de beira de estrada onde paramos pra ver o segundo tempo.

La dentro so havia negros. Absolutamente nenhum branco. E um telao improvisado, com uma galeeeera torcendo, falando, gritando e, sobretudo, bebendo muito. Deu um certo calafrio ao entrarmos, mas logo fomos tao bem recebidos - o dono colocou cadeiras pra nos quatro nos sentarmos tipo na area vip do bar - que tudo ficou otimo. A desclassificacao era iminente, visto que eles ainda precisavam meter varios gols na Franca e torcer pro Uruguai ampliar a vantagem em cima dos mexicanos. Conversei com um camarada que estava sentado ao meu lado - o sujeito so tinha tres dentes, coitado -, e ele, claro, disse que tinham de ter ganhado do Mexico, que nao poderiam ter levado uma surra do Uruguai. E nem assim eles desistiam, mas nao pareciam muito confiantes.

A parte mais emocionante foi quando comecaram a cantar uma cancao criada pelos trabalhadores das minas sul-africanas, que eh uma especie de hino informal do pais. Uma senhora puxou lentamente a musica e todos comecaram a cantar. juntos. A cancao tem uma melodia lenta e triste, lembrando muito canticos que a gente via em filmes que retratavam a epoca da escravidao. Quando o bar inteiro estava cantando (tenho isso filmado tambem), eis que, no maior anti-climax que eu vi por aqui, a Franca faz o seu primeiro, unico e ultimo gol na copa. O canto foi dispersado e todo mundo desatou a resmungar, protestar, mas num tom de resignacao mesmo. Terminado o jogo, rumamos a Nelspruit, onde veriamos depois a eliminacao de mais um africano (Nigeria) e de onde partiriamos para um safari no outro dia (leoes, zebras, elefantes, girafas, rinocerontes, sim... vimos tudo isso la, ao ar livre) e de noite assistimos a Australia x Servia no belissimo estadio da cidade. Mas isso eh uma outra historia.

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