quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vuvuzelas que quebram protocolos

Demorou, mas pegou com força. O povo sul-africano respira copa do mundo, só fala nisso o tempo todo. Adora qualquer oportunidade de falar no assunto e, sobretudo, de interagir com os torcedores de outros países, que não param de desembarcar na África.

Esse é o cenário que eu e meus comparsas vimos ontem no aeroporto, nas ruas, nos shoppings e em todos os lugares pelos quais passamos em Joanesburgo. Logo ao desembarcar, dei de cara com um grupo de torcedores do Chile, que se exibiam com monociclo no saguão do aeroporto. Não demorou muito para aparecerem vários camaroneses soprando suas vuvuzelas.

Aliás, as irritantes cornetas são um vício em todos os lugares. E, ao contrário do que se possa imaginar, os sul-africanos ficam impressionados e adoram rir e ver as pessoas tomando sustos quando aquele instrumentozinho chato é assoprado. No aeroporto, o clima é totalmente sem-noção: seguranás, aos nos virem com a corneta, se aproximavam e pediam para soprar também. O pessoal da imigração e da alfândega faziam piadas e comentários sobre a copa.

Mais tarde, ao andarmos pelas ruas do bairro de Kensington (sim, caminhamos dois quilometros aqui sem nenhum problema, ao contrario do que se alerdeia por ai), uma senhora gordinha da Suazilândia nos viu e quase implorou para soprar a vuvuzela (sem trocadilho) de um dos meus amigos. Dentro do shopping center onde fomos almoçar, o segurança, em vez de reclamar, também se aproximava e rachava de rir quando ouvia o barulho. ˜Brasil our second team. Brasil gonna win today two zero˜, diziam a maioria deles, sobre o jogo contra a Coréia do Norte.

Na pensão onde estamos hospedados, um povo do Cabo Verde, de Angola e do Zimbábue só falam em copa, ficam encantados com as ridículas perucas e ornamentos que estamos carregando para lá e para cá.

Ainda no aeroporto, dei de cara com um simpático famoso jogador de tênis, que esperava humildemente atrás de mim na fila para retirar os ingressos. Discreto, tive de olhar duas vezes e ainda perguntei, de maneira quase idiota: ˜Ei, você é o Guga?˜. Ele riu e disse: ˜Sim, amigão. Vamos vencer hoje˜. Troquei uma rápida ideia com ele, que nem sabia qual moeda era utilizada na África do Sul e ainda pediu dicas de como se deslocar até o hotel onde ele ficaria. Depois pedi pra namorada dele tirar uma foto minha com o eterno ídolo brasileiro. Mais tarde, depois do jogo, ainda encontramos eles comendo no McDonalds, completamente incólumes. Muito gente fina o camarada.

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