Prefeitura e governo de estado negociam com investidores privados para viabilizar estádio em Pirituba
08 de julho de 2010 | 17h 41
Jamil Chade e André Cardoso - O Estado de S. Paulo
JOHANNESBURGO - Assessores próximos ao prefeito Gilberto Kassab confirmaram ao Estado, nesta quinta, que "negociações firmes" estão sendo mantidas com grupos de investidores que construirão a nova arena. A ideia é a de ter um acordo fechado em dez dias, sem dinheiro da prefeitura. A prefeitura e governo de estado negociam com investidores privados um acordo financeiro para viabilizar o projeto do estádio de Pirituba para sediar a abertura da Copa de 2014 em São Paulo.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou que esteve com o prefeito Kassab na noite de quarta-feira em um encontro informal em Johannesburgo. Hoje, voltou a se encontrar com o prefeito. "São Paulo está sem estádio no momento", disse Teixeira. Sobre sua reunião com Kassab, o cartola disse que "nada ficou determinado". "Foi uma conversa genérica. Kassab está de férias e vamos nos reunir no dia 19 e 20 para tratar do assunto", disse.
Kassab, publicamente, mantém seu discurso de que a primeira opção da cidade é mesmo o Morumbi e que vai fazer um apelo para que o estádio do São Paulo volte a ser considerado pela Fifa como o estádio paulista para a Copa. Mas a realidade nos bastidores é bem diferente. Kassab já designou um de seus assessores para acompanhar o setor privado e garantir que o projeto saia do papel.
O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, confirmou o contato de investidores para o novo estádio. "Essa é a verdade", disse. "O Morumbi está fora", afirmou ao Estado.
O estádio fará parte do maior centro de convenções do mundo, com meta para estar totalmente concluído em 2020 e em um terreno de 5 milhões de metros quadrados. Além da Copa, a meta seria sediar a Expo 2020. Da África do Sul, Kassab ligou para o governador de São Paulo, Alberto Goldman, para confirmar o encontro em dez dias e a meta é a de ter já o plano com investidores pelo menos delineado até lá. "Vamos definir o papel de São Paulo na Copa. Se são Paulo vai querer a abertura ou apenas outros jogos", disse o cartola da CBF.
Teixeira evita falar em datas limites para uma definição sobre São Paulo. Mas deixa claro: "O prazo está se afunilando. Estamos perigosamente perto da data limite", avisou."A questão de São Paulo tem que ser logo definida, o mais urgente possível", disse.
A indefinição sobre São Paulo vem gerando outras declarações de políticos pelo Brasil, mirando uma eventual abertura da Copa em suas cidades. Fortaleza já manifestou sua vontade de se candidatar. "São Paulo, com o então governador José Serra, havia se colocado como local da abertura. O local de abertura será decidido à medida que os estádios forem se consolidando", explicou Teixeira.
O estádio em São Paulo não é a única preocupação. Teixeira admite que ainda precisa avaliar se as garantias financeiras para a construção do estádio em Curitiba são suficientes e admite que "dúvidas" existem. Na próxima semana, Teixeira promete fazer uma avaliação completa de todas as garantias financeiras. Mas, apesar dos problemas, ele insiste que a Fifa não tem mais do que se queixar. Em maio, Valcke afirmou que o atraso do Brasil era "impressionante". "Naquele momento, ele tinha razão. Mas hoje algumas obras já começaram", afirmou Teixeira, lembrando que Brasília definiu a concorrência para o estádio e com a definição dos valores da obra. Já na Bahia, o antigo estádio já começou a ser demolido para a construção de um novo. "Estamos relativamente em dia", disse.
Mídia. Mas Kassab abriu mais uma polêmica e quer agora que o centro de transmissão dos jogos da Copa de 2014 seja instalado no Anhembi, e não no Rio de Janeiro como já havia sido fechado entre a Fifa e a CBF. "Estamos oferecendo a cidade à Fifa", disse.
Kassab violaria um acordo tácito que havia sido selado em 2007 entre José Serra (então prefeito), a CBF e Eduardo Paes (então secretário de Esporte do Rio e atual prefeito). Pelo acordo, São Paulo ficaria com o congresso da Fifa e com a abertura, enquanto o Rio ficaria com o centro de imprensa e com a final. Agora, quer o centro que é considerado como o centro nevrálgico da imprensa na Copa e com mais de 3 mil estrangeiros.
Teixeira, nesta quinta, admitiu que ainda está em aberto a questão de onde ficará o centro de imprensa da Copa. "Ainda não está decidido. Mas a tendência é que fique entre Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo", concluiu.
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