Até aqui, tudo ia bem. O Brasil vinha de resultados semelhantes aos de 2006, mas, especialmente contra Chile e Costa do Marfim, havia demonstrado futebol vibrante. Havia motivo porque torcer. Robinho, Kaka e Luis Fabiano vinham jogando bola. A defesa, confiante.
D*nga, diante de todas as críticas, armara um time dedicado, coerente taticamente, focado e até com algum brilho legítimo da nossa tradição. Dava pra torcer. Brasil já despontava quase como imbatível. Os mais descrentes críticos já davam o braço a torcer.
O equilíbrio, a doutrina apolínea e o rigor pragmático de D*nga pareciam estar sendo capazes, quem diria, até mesmo de fazer o Brasil render um futebol bonito. Pelo que podemos apreender do pensamento do ténico, o futebol é um relógio que, se estiver ajustado e polido, com peças eficientes e muita bateria, vai funcionar direito e na hora certa.
Brasil entra em campo confiante, elegante, chega perto de fazer gols históricos. Chego a dizer que foi o melhor tempo do Brasil em toda Copa.
Porém, esse ideal espartano de D*nga, na tradição de um verdadeiro daimon da cultura grega, tinha que ter seu calcanhar de Aquiles. Todos sabiam que F*lipe Melo podia pôr tudo a perder, mas, com 10 jogadores dedicados, confiantes e cientes de seu talento, quem poderia dizer que um cara apenas poderia subtrair todo o conjunto de qualidades do Brasil? D*nga quis fazer de F*lipe Melo seu alterego em campo. À parte o temperamento provocativo fora de campo, F*lipe parece mais um D*nga do planeta bizarro dos gibis do Super-homem.
Bem, D*nga bancou F*lipe Melo desde o início, quando absolutamente ninguém, da imprensa italiana, a Caio Ribeiro, a eu e você, ninguém o queria. Ninguém nem sabia quem ele era. D*nga bancou, expôs seu calcanhar de Aquiles e pagou por isso. Aliás, todos pagaram. O time mecânico não era o Brasil e, ironicamente, a única laranja, podre, não estava do lado da Holanda, mas das amarelinhas.
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