quarta-feira, 4 de agosto de 2010

As pérolas da Conmebol


Eu não tenho nada contra os times mexicanos e acho legal que eles participem da Libertadores. Não vejo, como comparou o inefável Marcondes Brito, nenhuma relação, por exemplo, com time sul-americano jogando a Liga dos Campeões. Nada a ver. A América, no meu ver, é um continente só, e acho legítimo mexicanos jogarem a Libertadores. Assim como acho bacana o México jogar - joga desde 1993 - a Copa América (Costa Rica, EUA e Honduras também participam e acho legal do mesmo jeito).

O que não dá pra engolir é os caras não poderem jogar o Mundial e, pior, eles serem obrigados - mesmo que tenham tido a melhor campanha da primeira fase - a fazer o segundo jogo da decisão sul-americana fora de casa.

Se não me engano, essa presepada toda ocorre porque o México é filiado à Concacaf, e não à Conmebol. Tivesse a hombridade que a Austrália teve, de se filiar à Federação Asiática para ter mais chances de se classificar pra Copa, ainda que fosse pegar times bem melhores que Vanuatu, Ilhas Salomão e Ilhas Virgens, o México sairia da Concacaf e viria jogar as eliminatórias sul-americanas. Aí sim, os times que jogam a Libertadores, oficialmente, seriam "americanos". Afinal de contas, a Libertadores é Libertadores da América (e não da América do Sul). E a Copa América é Copa América (e não Copa América do Sul).

Cito aqui outras paradas que a Conmebol faz ou fez sempre fugindo da ótica esportiva, que são no mínimo suspeitas ou dignas de vergonha até no cenário internacional:

* Colocar o Japão para jogar a Copa América de 1993. Na época, a decisão era totalmente política (o Brasil apoiaria a candidatura do Japão para a Copa de 2002 e o Japão nos apoiaria para 2006). Foi patético. O pior é o seguinte: ano que vem, a fantástica Conmebol repetiu a presepada. Os japoneses brilharão em gramados argentinos de novo. 

* A Copa Mercosul. Por si só, a competição é um absurdo, esportivamente falando. Não teve critério técnico algum em nenhuma de suas edições. O critério adotado era vitalicio e meramente marqueteiro. Fossem campeões ou estivessem entre os últimos colocados do campeonato brasileiro, o Grêmio, o Vasco, o Corinthians, o Palmeiras, o São Paulo, o Cruzeiro e o Flamengo sempre seriam os participantes brasileiros. Critério técnico ZERO.

* Ano passado, a Conmebol sondou a FIFA para que o campeão da Sul-Americana se classificasse também para o mundial interclubes. Ora, raios, então agora para ser campeão do mundo, na lógica conmeboliana, era "mais jogo" chegar entre 5º e 12º do Brasileirão para depois pegar um monte de time ruim na competição continental? Ainda bem que a ideia não foi pra frente.

* A própria Supercopa da Libertadores, se não chegava a ser uma Mercosul, tinha critérios técnicos para lá de duvidosos. Eram todos os times que já tinham sido campeões da Libertadores em algum momento de sua existência. Mesmo que tivesse sido 40 anos antes. Isso criava aberrações, como o Grêmio jogando a segunda divisão do Brasileirão de 1992 ou o Argentinos Juniors que também não estava na primeira divisão argentina, jogando a competição. Pior foi o Vasco (que à época não tinha sido campeão da Libertadores ainda) ter sido incluído na canetada (ou seria Euricada?) por ter ganhado um torneio na década de 1950.

* Depois que a Libertadores ganhou corpo, no começo dos anos 2000, com a participação de 32 times na primeira fase, a Conmebol relaxou com a regra de que dois times do mesmo país não poderiam se enfrentar na final. Chegariam lá os melhores, quem realmente fizesse por merecer. Bastaram duas finais brasileiras, entre São Paulo x Atlético-PR e São Paulo x Internacional, para que a genial Conmebol voltasse atrás (literalmente). Sob o argumento de que uma final "nacional" não gerava audiência para o resto do continente, criou novos mecanismos para dificultar a classificação de duas equipes do mesmo país para a final.

* Esse aqui eu quase tinha esquecido, mas também foi patético: os times mexicanos que viram seus adversários (o São Paulo entre eles), com aval da Conmebol, se recusarem a entrar no México por conta da gripe A1 (ou coisa que o valha) foram eliminados por W.O. Meses depois, como forma de "compensá-los", a Conmebol não só classificou-os automaticamente para a Libertadores de 2010, como jogou-os na segunda fase, eliminando dois lugares que estariam reservados para os segundos colocados da fase de grupos. Eu pergunto: e os times que se classificaram para 2010 no campo e ficaram em sétimo e oitavo lugares entre os segundos colocados, o que têm a ver com a gripe do frango?

14 comentários:

DB disse...

muito grande. preguiça de ler

john disse...

realmente a conmebol é um lixo...

só acho que os times devem se dar conta que a Libertadores vale mais que o mundial.

o mundial tem glamour exagerado no Brasil.

Freire disse...

Os vascaínos têm memória seletiva. Nunca vi nenhum deles comentar, a não ser quando provocados, a tal euricada citada no texto.

Luís disse...

Na Europa, na altura do mundial de clubes, a imprensa do país envolvida dá o que? 20 segundos diários para o evento?

Ninguém tá nem aí..

Anônimo disse...

Que memória! Sobre a Conmebol, ainda rola aquela vaga eterna para Boca e River na Sul-americana?
O Mundial de clubes pode não ser a forma definitiva de se descobrir o melhor time do mundo, mas que desmascara o futebol praticado no velho mundo, desmascara.

Felipe disse...

Anônimo, parece que para esse ano acabaram as vagas de River e Boca. Mas realmente nao sei se o criterio utilizado para escolher os times argentinos é o mesmo usado aqui - do quinto ao décimo-segundo.

Luís disse...

Desmascara porque?

Voce realmente acha que num campeonato extenso, o time que vende seus melhores jogadores ia se dar assim tão bem contra os times que compram os melhores jogadores de vários desses times?

DB disse...

australia deveria permanecer na eliminatoria da oceania, assim como mexico ficou na concacaf. melhor que ver dragas na copa. quanto aa libertas, os times mexicanos ha muito mereciam estar no final da libertas, quem nao se lembra daquela final entre cruz azul e boca juniors? agora, eles aceitam jogar a libertas desse jeito, ok. e outra, volta e meia eles caem para times como saprissa no interclubes deles la em cima. entao, bicho, paciencia

Anônimo disse...

Bom, então, já que os clubes europeus compram os melhores jogadores dos times sulamericanos, por que não goleiam sempre os remendos dos campeões da Libertadores que chegam à final? Seria porque todo time realmente bom precisa de 38 jogos para prová-lo?

Felipe disse...

Acho que o anônimo e o Luiz estão falando a mesma coisa. O Luiz deve ter confundido quando o anônimo disse "velho continente". Ele estava questionando, acho, a superioridade europeia, que as vezes fica exposta quando eles suam pra vencer os sul-americanos.

Luís disse...

Eu entendi, o que quis dizer é que um único jogo, principalmente numa final de importância relativa, não prova a superioridade de ninguém.

Os times europeus têm mais argumentos para vencerem os times sul americanos noutros contextos. Inclusive argumentos sul americanos. Ou você não consideraria Chelsea, Barcelona, Real Madrid e , com seus elencos candidatos a um campeonato brasileiro?

Ah, e geralmente um time não ganha a final da Libertas com um time de remendos.

Juliano Basile disse...

Deveriam abrir de vez a Libertadores para os times mexicanos, americanos e até de outros países da Concacaf. E mandar o campeão e o vice para o Mundial.

Anônimo disse...

Acho exagerada essa superioridade dos times europeus, tanto que ela não resiste consistentemente à prova da final do mundial, que é tão jogo único como a final da champions, da eurocopa, da copa américa e da copa do mundo.

Acho, sim, que os melhores times europeus passeariam durante boa parte do Brasileiro, mas queria ver o Barça jogar domingo na Vila Belmiro e quarta no Barradão.

Em geral, o elenco do campeão da Libertadores chega desfalcado na final do Mundial (esqueci de dizer qual).

VascoIJ0neZ! disse...

Japão jogou a copa américa de 99,não de 93.

De resto,concordo com tudo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_Am%C3%A9rica_de_1999