Emoções fortes

Fim de semana de arrepiar nas retas finais dos campeonatos Carioca e Paulista. Quatro clássicos reunindo os oito maiores clubes dos dois estados e que definirão os destinos em 2009. Deixo para o "clã dos Marcondes" emitir mais opiniões e detalhes a respeito da disputa paulista. Vou me ater ao Carioca. São quatro clubes e quatro motivos especiais para dar a volta olímpica, além do simples fato de ser campeão. Vamos a eles:

Vasco - Entrou no campeonato com um time completamente renovado, sem grandes estrelas (a não ser o sempre imprevisível meia Carlos Alberto) e com a moral abalada após a queda para a Série B nacional e o jejum de cinco anos sem qualquer título. No papel, era o que menos tinha chances de ganhar. Em campo, porém, aconteceu justamente o contrário. Com ótimo trabalho do Dorival Junior, revelou talentos pouco conhecidos (Elton, Pimpão, Jeferson, Nilton) e, sobretudo, mostrou espírito coletivo bem superior ao dos grandes favoritos. Na tabela dos 15 jogos da fase de classificação dos dois turnos, fez a melhor campanha, com 38 pontos em 45 possíveis. Foi derrotado apenas uma vez, justamente na malfadada estreia do campeonato, contra o Americano, na qual perdeu três pontos (nas quatro linhas) e seis (no tapetão), por conta da escalação irregular do Jeferson. Ficou fora das semifinais da Taça GB e tem a oportunidade de ir à forra agora na Taça Rio. Em três clássicos que disputou, venceu dois e empatou o outro. Tudo isso já seria suficiente para deixar a torcida em paz e satisfeita. Mas, como bem disse o Dorival, de nada vai adiantar se o time falhar nesta reta final. De azarão, o Vasco hoje é maior candidato ao título. Pelas estatísticas e pelo bom futebol.

Botafogo - Outro que começou desacreditado e renovado, mas com algumas caras mais conhecidas. Em pouco tempo, Ney Franco conseguiu formar uma linha de frente altamente ofensiva e goleadora com a trinca Maicosuel-Reinaldo-Victor Simões, responsável por 28 dos 42 gols marcados em 17 jogos. Comendo pelas beiradas e aproveitando os vacilos de rivais (Vasco derrubado pelo tapetão, Flamengo eliminado pelo Resende), chegou ao título da Taça GB, após vitória magra, mas eficiente, sobre o Fluminense nas semifinais e um adversário fraco (Resende) na decisão. Na Taça Rio, porém, o time alternou bons e maus momentos, perdendo dois clássicos - um deles de goleada para o Vasco (4 x 1) - e se complicando para chegar às semifinais. Somou 32 pontos nos 15 jogos da fase de classificação. Agora é obviamente o time que está mais perto de ser campeão carioca - basta vencer os dois próximos jogos, conquistar o segundo turno e encerrar o campeonato mais cedo. Imagino que, após dois fracassos consecutivos nas finais de 2007 e 2008 (ambas contra o Flamengo), o pensamento em General Severiano seja este: tentar liquidar a fatura o mais rápido possível. Uma vantagem que não pode ser desprezada jamais.

Flamengo - Entrou na disputa como o grande favorito. Bicampeão carioca, manteve 90% do elenco de 2008, que quase se classificou para a Libertadores (terminou em quinto no Brasileirão), e fez apenas uma troca de comando, com Cuca assumindo a vaga de Caio Jr. Na Taça GB "passeou" durante a fase de classificação e se deu ao luxo de poupar alguns titulares nos dois últimos jogos. Na semifinal, diante de um adversário que só chegou lá graças à eliminação do Vasco no tapetão, tropeçou do salto alto e caiu diante do Resende. Com os protestos da torcida, Cuca decidiu mexer em algumas peças, mas o time também andou se complicando na Taça Rio ao empatar com o Tigres e perder para o Vasco. Eis que o então apagado Josiel renasceu fazendo vários gols. O garoto Erick Flores parece ter se encaixado no meio-campo. E o recém-contratado atacante Emerson balançou as redes duas vezes em dois jogos. Mesmo com futebol irregular, e sem ter vencido nenhum dos três clássicos que disputou (uma derrota e dois empates), o Flamengo somou 34 pontos nos 15 jogos da fase de classificação (segunda melhor campanha) e ainda tem a seu favor a pressão forte das arquibancadas. Além da motivação de tentar conquistar mais um tricampeonato e superar o Fluminense em número de títulos cariocas. E Cuca, o "pé frio" que nunca foi campeão como técnico, está doidinho pra calar a boca dos detratores.

Fluminense - Embora também tenha mexido bastante no elenco, foi considerado o grande favorito, ao lado do Flamengo, pelo suposto nível dos jogadores contratados: Leandro Amaral, Diguinho, Leandro (lateral-esquerdo), Leandro Domingues, etc. Dentro de campo, porém, nenhum deles se acertou e, pra piorar, o argentino Conca, então o "cérebro" do novo time, não conseguia repetir as atuações do passado. Resultado: nos quatro primeiros jogos, perdeu para Cabofriense e Duque de Caxias e empatou com o Madureira. Apoiada pela patrocinadora, a diretoria correu atrás para repatriar Thiago Neves. O Fluminense melhorou e conseguiu classificação, que parecia improvável, às semifinais da Taça GB. Mas logo foi derrotado pelo Botafogo, o que provocou a queda de René Simões. Para dar a volta por cima na Taça Rio, mais duas contratações de impacto: o técnico Parreira e o artilheiro Fred. Sem ser brilhante e por vezes passando sufoco, o tricolor fez campanha mais consistente, ganhando seis partidas seguidas, quatro delas de virada. Em quatro clássicos, ganhou um e empatou dois. Tem a pior campanha entre os quatro, com 31 pontos nos 15 jogos e o ataque menos eficiente (29 gols). Na reta final, porém, conta com um trio talentoso (Conca-Thiago Neves-Fred), uma garotada na reserva que pode fazer a diferença e a motivação de voltar a ser soberano em títulos estaduais. E Parreira, sempre contestado, também tem razões para querer dar a volta por cima.

Vasco x Botafogo - Duelo entre os dois times que praticaram o melhor futebol coletivo e que marcam mais gols neste campeonato. O Vasco, 100% na Taça Rio e invicto há 14 jogos, vive melhor momento.

Flamengo x Fluminense - O clássico das "grandes estrelas" do campeonato, pelo menos em termos individuais. De um lado, Léo Moura, Juan, Ibson, Zé Roberto, Kléberson, Fábio Luciano. Bruno, suspenso, desfalca o rubro-negro. Do outro, Fred, Thiago Neves, Conca, Luiz Alberto e o técnico Parreira. Pelo que foi mostrado até aqui, acho o Flamengo mais consistente e ligeiramente favorito, apesar da melhor campanha do tricolor na Taça Rio.

Haja emoção!