LEMBRA DELE? Para Bobô, Bahia jogar Série B é o mesmo que estar rebaixado
Globoesporte.com
Há 20 anos, o Bahia conquistava o seu primeiro e único título do Campeonato Brasileiro, referente ao ano de 1988 - na época, chamado de Copa União. Isso porque os jogos finais contra o Internacional foram realizados apenas em 1989. No próximo dia 13 de dezembro, uma reedição da decisão vai acontecer no estádio Pituaçu, onde, atualmente, o Tricolor comanda seus jogos na Série B. Divisão, aliás, que o maior ídolo da história do clube, Bobô, rejeita de forma veemente. Nesta quarta-feira, um dia antes do ex-atacante completar 47 anos, o GLOBOESPORTE.COM apresenta uma entrevista com o maior nome da campanha do Bahia naquele Brasileirão. Hoje funcionário público, mas ainda ligado ao futebol, Bobô critica, com argumentos, a atual posição em que o clube pelo qual se destacou se encontra. Para isso, ele cita o exemplo do Sport.
- O Bahia está rebaixado. Nosso lugar não é na Segunda Divisão, não estamos satisfeitos com essa realidade. Isso é questão de trabalho, de planejamento, mas também um fator econômico. Talvez esse seja o grande empecilho de crescimento dos times nordestinos. O próprio Sport fez uma grande campanha na Copa do Brasil e na Libertadores. Mas, para chegar lá, precisou de investimento alto, folha alta e está pagando o preço por isso. Os clubes precisam trabalhar, primeiro, o lado profissional. Estamos muito longe do que se trabalha no Sul e Sudeste do Brasil.
A gente vê exemplos do Inter, do São Paulo, do próprio Vasco, com coisas que não vemos aqui – opinou. No último sábado, o Bahia garantiu de vez sua permanência na Série B, espantando qualquer risco de queda para a Terceira Divisão - algo que, para Bobô, "não deve ser comemorado", já que o clube "é muito grande para isso". Jogando em Pituaçu, o Tricolor derrotou o Guarani, por 2 a 0, gols de Nadson e Nem. Com o resultado, o time paulista foi quem fez o que o ex-atacante tanto deseja para o Bahia - retornou à Série A.Atualmente, Bobô ocupa o cargo de diretor geral da Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb). Interessado pela nova carreira, o baiano de Senhor do Bonfim, cidade do interior do Estado, há 374 km de Salvador, aposta no trabalho forte para a conquista de resultados.
- É um desafio, mas tem sido muito proveitoso. É um órgão que tem como objetivo fomentar o esporte. Temos criado políticas desse tipo de incentivo, que não havia na Bahia. E é no esporte como um todo, não só no futebol – ressaltou. Título que eternizou
Raimundo Nonato Tavares da Silva tem esse apelido por causa de sua irmã caçula, Rita, que não conseguia pronunciar seu nome e passou a assim chamá-lo. Bobô, como ficou conhecido, vai ficar para sempre na memória do povo nordestino, já que comandou a segunda conquista de um time da Região no Brasileiro. Ele lembra com carinho da data que o consagrou.
- É uma data muito importante para nós todos. Fomos eternizados na história dos grandes clubes do país. Ela é muito lembrada, um título inédito, importante para o Nordeste. Até hoje compartilhamos dessa conquista. Enaltecemos mais ainda o Bahia a nível nacional – acredita. A primeira partida da final foi realizada em 15 de fevereiro de 89. Na ocasião, o Bahia derrotou o Inter por 2 a 1, na Fonte Nova, de virada, com dois gols de quem? Bobô, é claro. O gol colorado foi marcado por Leomir. No segundo jogo, empate em 0 a 0, no Beira-Rio. Mas nem tudo sempre foi glória para o ex-jogador. Ele revela que foi seu pai quem o incentivou a não largar o futebol depois de uma séria contusão.
- Quando rompi os ligamentos eu era muito novo. Quem me incentivou, na verdade, foram os meus pais. Era do interior, queria voltar, tinha só 17 anos para 18, não entendia porque logo comigo. Mas meu pai chamou minha atenção para isso. Foi a figura de um pai mesmo, que me fez pensar que as portas estavam ainda abertas. Deixei o tempo se encarregar. Voltei com muita dificuldade 11 meses depois, mas só voltei a ter lesão no Bahia, quando tive um tempo de recuperação menor. Destaque também no Sudeste
Craque com a camisa do seu time (fora da Bahia) e também de seu pai: o Fluminense
Bobô não foi ídolo apenas no Bahia. No Corinthians, no São Paulo e também no Fluminense, o ex-jogador se destacou. Muito agradecido por o que conquistou nos principais centros esportivos do país, ele lembra de um episódio curioso, quando não acertou sua ida para o Tricolor carioca por conta de uma implicância de um dirigente com seu nome.
- Isso foi noticiado. Foi na época de Aymoré (Moreira, ex-treinador da seleção brasileira). Ele achava que eu tinha possibilidade de chegar à seleção. Me indicou no Rio, mas meu nome era muito estranho, e começaram a questionar. Não tem nem como ficar irritado (risos). Quando ganhamos o título, o pessoal do Fluminense tentou, mas acabei indo para o São Paulo antes de ir para lá. A transferência de Bobô para o São Paulo, aliás, foi marcante. Nada menos do que U$ 1 milhão foram desembolsados pelo time paulista para contar com o melhor jogador, eleito pela imprensa como o melhor do Brasileirão de 88. A transação, a maior do futebol nacional na época, envolveu também a ida de três atletas para o Bahia.
- Para mim, ter passado por todos esses clubes foi especial. Eu tinha, inclusive, um sentimento muito legal pelo Fluminense. Eu também torcia, porque meu pai era torcedor fanático. Até hoje recebo informações, e-mails de torcedores. Sou um privilegiado. Esse foi o melhor salário que eu poderia receber na carreira – confessou, emocionado. Além de Bahia, Corinthians, São Paulo e Fluminense, Bobô jogou também na Catuense, onde começou (82 a 85, 95), no Flamengo (90) e no Inter (93). Confira abaixo as conquistas da sua carreira como jogador.
Títulos
Bahia
Campeão Brasileiro (1988); Tricampeão Baiano (86 a 88)
São Paulo
Campeão Paulista (1989); Vice-Campeão Brasileiro (1989)
Flamengo
Campeão Copa do Brasil (1990)
Fluminense
Campeão Taça Guanabara (1992); Vice-Campeão da Copa do Brasil (1992)
Corinthians
Vice-Campeão Paulista (1993); Vice-Campeão Rio-São Paulo (1993)
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