"e ninguém cala esse chororô..."
quando chegou a general severiano, o recém-chegado Maicosuel resolveu tirar onda dos novos colegas. saiu a cantar pelos corredores da concentração a paródia que tanto irrita os botafoguenses.
tomou dura de um cartola. disse que não tava nem aí, tinha sido contratado para jogar bola. e foi o que fez por poucos meses, suficiente para garantir os momentos mais iluminados do Botafogo no ano que finda.
logo no primeiro jogo pelo carioca-2009, garantiu uma suada vitória alvinegra em cima do boavista: 2 x 1, dois gols dele, o jogador desprezado pelo palmeiras de luxemburgo e pouco aproveitado no cruzeiro dos perrella.
maicosuel fez um golaço (e foi expulso) na goleada em cima do friburguense, mas o melhor ainda estava por vir. comandou a conquista da taça guanabara, único troféu levantado pelo alvinegro no ano.
e, na semifinal da taça rio, quando o Botafogo enfrentou o favoritíssimo vasco, Maicosuel teve a melhor atuação de um jogador alvinegro em 2009.
além de uma pintura de gol, ele simplesmente demoliu o sistema defensivo vascaíno. garantiu uma vitória maiúscula, de lavar a alma do torcedor - não à-toa, aquela partida é considerada por muitos torcedores alvinegros como o melhor jogo do Botafogo no ano. ganhou, ali, nas cabines de rádio, o apelido de Mago.
mas Maicosuel entrou mesmo para a história quando, no primeiro jogo da final contra o flamengo, entortou juan e o lateral rubro-negro deu chilique, partindo para cima do meia botafoguense.
poucas vezes se observou, de forma tão cristalina, o confronto da arte contra a barbárie: foi o duelo de Sir Michael Swell, o Cavaleiro Negro, contra Juanita Chiliquenta, La Loca.
bem, o resto da curta e intensa história todos sabemos. Maicosuel se contundiu e não conseguiu levar o Botafogo ao título. mesmo assim, ganhou o troféu de craque do certame.
juanita e companheiros foram, merecidamente, campeões estaduais e brasileiros. mas a chiliquenta ficou em segundo plano na conquista mais importante. Outrora arma ofensiva, apareceu menos até do que zagueiros de seu próprio clube, acertadamente bafejados pelo destino no jogo da decisão.
Maicosuel foi vendido para o futebol alemão. Depois de início difícil por jogar fora de posição, tem conseguido se afirmar e chegou a ser cogitado para uma futura negociação com o arsenal.
A milhares de quilômetros, acompanhou o sofrimento dos ex-companheiros na última rodada do Brasileirão: "fiquei agoniado no dia do jogo com o Palmeiras, não conseguia notícias e telefonei umas quatro vezes durante o jogo para saber o resultado", contou poucos dias atrás.
"e ninguém cala esse nosso amor..."
esqueci de lembrar que, no dia da despedida do Botafogo, Maicosuel Reginaldo de Matos verteu lágrimas.
chorou copiosamente. prometeu voltar.
deixou a certeza que, na história de um time tão peculiar, de muitas glórias e poucas conquistas, o seu nome ficará marcado como mais um sonho alvinegro que se dissipou antes de virar plena realidade.
e o ano alvinegro de 2009, que começou sob o signo da euforia trazida por Maicosuel, terminou sob o assombro do doping de Jobson.
parece cocaína, mas é só tristeza.
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