Meu time em Sete Lagoas (MG) não é o Democrata Jacaré. Sempre torci pelo Bela Vista, por influência do meu pai, nascido e criado no bairro Santa Luzia, casa do clube alviverde. Na infância e adolescência, assistia os jogos do Bevê pelo Campeonato Amador de Sete Lagoas no acanhado estádio do Garimpo (apelido do Santa Luzia). E me divertia bastante.
Passadas duas décadas, reencontrei o Bevê no meu exemplar da edição de agosto da Revista de História da Biblioteca Nacional. A publicação traz artigo de quatro páginas sobre a excursão do Bela Vista pela Europa, em 1958 (na foto acima, a equipe embarcando no Rio). Já havia ouvido meu pai falar dessa saga, mas nunca tinha visto documento a respeito. Abaixo, trecho do artigo:
É proibido perder
Quando o Brasil ganhou a Copa de 1958, um time mineiro fez uma temporada de derrotas na Europa que mobilizou até o Itamaraty
André Carazza dos Santos
Passadas duas décadas, reencontrei o Bevê no meu exemplar da edição de agosto da Revista de História da Biblioteca Nacional. A publicação traz artigo de quatro páginas sobre a excursão do Bela Vista pela Europa, em 1958 (na foto acima, a equipe embarcando no Rio). Já havia ouvido meu pai falar dessa saga, mas nunca tinha visto documento a respeito. Abaixo, trecho do artigo:
É proibido perder
Quando o Brasil ganhou a Copa de 1958, um time mineiro fez uma temporada de derrotas na Europa que mobilizou até o Itamaraty
André Carazza dos Santos
O Globo estampou: “Tragédia nacional”. O jornal mineiro Diário da Tarde foi ainda mais enfático: “Uma tragédia esportiva sem similar na história do soccer brasileiro”. As manchetes não se referiam a nenhuma derrota da seleção brasileira, mas ao time mineiro Bela Vista Futebol Clube. Justamente em 1958 – ano da primeira conquista brasileira da Copa do Mundo –, o clube fez uma campanha desastrosa nos gramados da Europa: perdeu 19 das 23 partidas disputadas.
Originário da cidade de Sete Lagoas, o Bela Vista foi alvo de um amplo e incisivo ataque que envolveu imprensa, autoridades políticas e esportivas de todo o país. O clube foi acusado de manchar a imagem do Brasil e do principal esporte nacional. Afinal, a seleção brasileira desfilava craques que encantaram o mundo, como Nilton Santos, Didi, Garrincha e Pelé. Parecia inadmissível que o Brasil apresentasse um futebol de segunda categoria. A conquista da Taça Jules Rimet havia cristalizado a imagem do Brasil como “país do futebol”. Segundo o antropólogo Roberto DaMatta, esse triunfo permitiu ao brasileiro penetrar no universo saboroso e nobre da vitória. Foi também a partir dessa conquista que o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues cunhou a expressão “Pátria em chuteiras”.
A imagem vencedora que o futebol proporcionou ao país não podia ser arranhada. Pior ainda se fosse um mês depois de a seleção brasileira conquistar a Copa do Mundo. Mas foi exatamente o que aconteceu: o desconhecido Bela Vista embarcou para o Velho Mundo quando a vitória no mundial ainda era comemorada. A responsabilidade de representar o melhor futebol do planeta era imensa. O exagero da “Nota de Redação” do jornal O Globo em 20 de outubro de 1958 ilustra bem a notoriedade que ganhou o time de Sete Lagoas: “O Caso Bela Vista, assim, é assunto que desafia, em importância, a conquista da Taça Jules Rimet pela Seleção do Brasil”. (...)
Leia a matéria completa na edição de Agosto, nas bancas.
Originário da cidade de Sete Lagoas, o Bela Vista foi alvo de um amplo e incisivo ataque que envolveu imprensa, autoridades políticas e esportivas de todo o país. O clube foi acusado de manchar a imagem do Brasil e do principal esporte nacional. Afinal, a seleção brasileira desfilava craques que encantaram o mundo, como Nilton Santos, Didi, Garrincha e Pelé. Parecia inadmissível que o Brasil apresentasse um futebol de segunda categoria. A conquista da Taça Jules Rimet havia cristalizado a imagem do Brasil como “país do futebol”. Segundo o antropólogo Roberto DaMatta, esse triunfo permitiu ao brasileiro penetrar no universo saboroso e nobre da vitória. Foi também a partir dessa conquista que o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues cunhou a expressão “Pátria em chuteiras”.
A imagem vencedora que o futebol proporcionou ao país não podia ser arranhada. Pior ainda se fosse um mês depois de a seleção brasileira conquistar a Copa do Mundo. Mas foi exatamente o que aconteceu: o desconhecido Bela Vista embarcou para o Velho Mundo quando a vitória no mundial ainda era comemorada. A responsabilidade de representar o melhor futebol do planeta era imensa. O exagero da “Nota de Redação” do jornal O Globo em 20 de outubro de 1958 ilustra bem a notoriedade que ganhou o time de Sete Lagoas: “O Caso Bela Vista, assim, é assunto que desafia, em importância, a conquista da Taça Jules Rimet pela Seleção do Brasil”. (...)
Leia a matéria completa na edição de Agosto, nas bancas.
7 comentários:
Quando se trata de mostrar o futebol brasileiro para o europeu ou americano é como se o cidadão tupiniquim se esquecesse que também tem gente ruim pra caramba jogando futebol no Brasil, e apresenta como se cada um dos (caminhando para) 200 milhões de habitantes fossem melhor, incluíndo mulheres e bebés estivessem na parte da frente de uma fila para melhores do mundo, e o resto viesse atrás, e com algumas milhas de distância do ultimo brasileirinho lá atrás, que por sinal é aquele sem duas pernas, sem dois braços, sem os dois olhos e sem os ouvidos.
Daí quando acontecesse uma destas é como se fossem todos acreanos, uma vergonha para a nassaum...
Renato, que a reportagem não caia novamente nas mãos de seus conterrâneos, como aconteceu com o post sobre o estádio do Democrata, ou a Câmara de Vereadores da cidade acaba te excomungando e tirando seu título de cidadão Sete Lagoano...
Sempre assim, times mineiros não cansam de dar vexames...o último que inventou de disputar uma competição internacional perdeu uma Libertadores em casa.
Quem é anônimo?
É, Renato, toma cuidado, porque a galera lá da sua cidade não é muito simpática a matérias que falam com nostalgia e até em bom tom sobre o futebol da cidade.
Ja já vai ter um monte de cão raivoso te xingando, como se fosse ruim para a cidade esse tipo de projeção (publicar texto no CBET é coisa para poucos).
Cordialmente.
O anonimato é um típico ato dos covardes.
O anônimo era eu. Não sei como colocar o nome aqui.
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